O Bom, o Mau e o Sonolento, por Diogo Santos
The Bad Sleep Well (1960), de Akira Kurosawa
Aquilo que quero analisar no presente artigo não é exactamente um filme, por inteiro, mas antes uma tese retirada do e pelo próprio filme. O filme é The Bad Sleep Well (warui yatsu hodo yoku nemuru), de Akira Kurosawa.
Aviso já que sou suspeito no comentário que inadvertidamente possa lançar acerca da qualidade do filme. Na modestíssima opinião do autor, Akira Kurosawa é o melhor realizador de sempre; logo, qualquer coisa que diga acerca da qualidade dos seus filmes tem como fundamento essa convicção. Ainda que The Bad Sleep Well não atravesse a época predilecta de Kurosawa, o Japão medieval e anterior à época Meiji, como por exemplo sucede com Rashomon, Ran, Hidden Fortress ou Throne of Blood, não deixa de ser também verdade que, em termos temáticos e metodológicos, The Bad Sleep Well é tipicamente uma película de Kurosawa. Desde o prólogo inicial, que serve de base e de explicitação para o assunto da película, para além de apresentar a tensão típica de drama grego, até ao grande tema trágico: a escolha entre pai e marido; e a conclusão shakespeariana ou também trágica que resulta dessa escolha – a morte dos amantes. Prosseguir leitura...