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quarta-feira, novembro 23, 2005

A Queda!

Ontem, 22/11/2005, a RTP-1 passou o filme A Queda - Hitler e o Fim do III Reich (Der Untergang). Já tinha visto o filme noutra ocasião, pelo que não vi desta. Mas ver uma vez basta para tirar algumas conclusões. Primeiro, o filme é muito muito bom. Segundo, o Bruno Ganz é fenomenal no papel de Hitler; conseguindo, penso eu, que não sou um especialista do assunto, retratar perfeitamente a mentalidade doentia de um maníaco-depressivo responsável pela morte de milhões de pessoas. Terceiro, obras como a Queda têm o condão de nos fazer pensar nos mecanismos retóricos, sociais e políticos que permitem que loucos como Hitler (ou outros assassinos “autorizados” pela História Universal como Alexandre, Gengis-khan, Estaline ou Napoleão) detenham o poder de forma a realizar actos que merecem a nossa mais profunda reprovação - e condenação - moral. Quarto, em contraposição ao problema do poderio (ou da força e da violência, como poderia dizer Hannah Arendt), obras como a Queda fazem-nos pensar até que ponto os seres humanos podem fraquejar perante a adversidade – por inacção, por inactividade, por medo, por interesse, por falta de carácter, por fraqueza psicológica, por desumanidade, por insensibilidade, por descontrolo emocional, por crueldade que resulta da má aplicação da racionalidade e,… sei lá!... Por tantas outras coisas que não me lembro agora.
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E como podemos classificar alguém de humano quando esse alguém mata a sangue frio os seus próprios filhos? Quem é que pode ser classificado de inteligente por mandar crianças com menos de 13/14 anos para a frente de combate? De que raio estamos nós a falar, quando falamos da nossa sensibilidade, se cometemos as priores atrocidades em nome de um ideal que sabemos ser racionalmente indefensável? Ó meus amigos, quem são os animais irracionais e insensíveis neste planeta? Serão as formigas? Humm… acho que não. As formigas não têm escolha consciente. Mas nós temos! Então, por que usamos tantas vezes a nossa escolha consciente (em sentido mental) para sermos inconscientes (em sentido moral)? Pensem nisso!
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Quando se classifica por exemplo O Exorcista (que também vai passando regularmente na TV portuguesa por cabo) como um clássico do terror, só me dá vontade de rir. O Exorcista sempre me deu vontade de rir. É um filme absolutamente cómico, bem-disposto, agradável para uma noite fria e óptimo para puxarmos a companheira para o nosso lado do sofá – isto se conseguirmos que ela veja o filme. Mas filmes como a Queda e como a Lista de Schindler, entre muitos outros do género, são verdadeiramente filmes de terror. Estes filmes conseguem espelhar os horrores de uma realidade histórica inelutável, e por isso não podem ser categorizados como “Drama” ou qualquer outro eufemismo do género: são filmes de terror cuja visualização não podemos, nem devemos, evitar. Talvez a compreensão do seu conteúdo possa evitar futuras hecatombes…ou talvez não.
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Bons filmes! E boa reflexão!
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Luís

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