Batman e Zorro, por Fred Sólon
Dois homens com máscaras negras, a mesma atitude. Educados segundo valores férreos, a mesma visão da justiça. Ambos com poder económico, o mesmo modus operandi. Batman e Zorro são entidades ficcionais que personificam um ideal de justiça. Este ideal é antigo, remontando possivelmente a Platão. A Justiça não era para este filósofo algo que pudesse ocorrer no mundo físico e sensível, pois tudo neste é ilusório e passageiro. A verdadeira Justiça era para ele uma Forma, uma Ideia, um Arquétipo, algo imutável, inalterável, insensível à mudança e ao tempo. Na medida em que os homens estão confinados ao mundo sensível de sombras, enganos e ilusões, que derivam da mutação perpétua e intrínseca a esse tipo de mundo, não podem alcançar a justiça. Na melhor das hipóteses, se forem suficientemente sabedores, se voltarem a sua atenção para o imutável, para o constante, para a Ideia, e se participarem da Virtude, que em certo sentido se identifica com o Saber, poderão participar também da Justiça.