Ladrões de Bicicletas, por Pedro Sargento
Este clássico de Vittorio de Sica (1949) está aí para ensinar-nos que nem sempre “Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce”. Por vezes o Homem não pode fazer nascer Obra, porque os elementos do Mundo jogam contra a sua Vontade. Nem tudo depende só de nós. Especialmente, há momentos em que não temos controlo sobre as coisas mais importantes, e os acontecimentos flúem na direcção exactamente oposta àquela que gostaríamos que fluíssem.
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Numa Roma destruída pela guerra, as famílias lutam pela sobrevivência. Quando surgem oportunidades de trabalho, os homens amontoam-se e fazem tudo para conseguir o posto que garantirá ao menos comida sobre a mesa. Qualquer coisa serve. A Antonio, o protagonista, é garantido um lugar como colador de cartazes, se ao menos ele preencher um único requisito: ter uma bicicleta. O filme segue então um argumento tão simples quanto o utensílio de trabalho de António: no primeiro dia, a bicicleta é roubada, e o resto do tempo é passado a tentar recuperá-la.