Do Ócio e Seu Contrário, por Diogo Santos
The Graduate é o grande filme americano da década de 60. Nada do que até aí fora feito poderia assemelhar-se à obra-prima de Mike Nichols; tanto no que respeita ao trabalho de câmara e imagem, como no que se refere ao enredo e aos assuntos nele retratados. É suficiente uma exaustiva mirada na cena inicial do filme para perceber o que está em causa na película e o modo genial como isso é apresentado ao público. A cena em si é de uma simplicidade inaudita: o jovem Benjamin Braddock (Dustin Hoffman) estanque, a ser conduzido por um tapete rolante até ao seu destino. O destino a que conduz o tapete rolante é simbolicamente uma referência ao futuro em aberto que aguarda por Benjamin. Ora, se assim é, o tapete rolante representa as circunstâncias que o conduzem até lá. Porém, o curioso de todo este aparato é a reacção - ou a ausência desta - do jovem perante a força herculiana das circunstâncias no que respeita às decisões que ele tem de tomar de forma a assegurar o seu futuro. Percebe-se de imediato o que o filme pretende: reflectir acerca do ócio. O papel de jovem recém-licenciado é ideal para essa reflexão. O importante no futuro de um jovem de classe média começa a desenhar-se a partir do fim dos seus estudos. É nessa altura que se começam a tentar concretizar projectos, ideias, sonhos. No entanto, nada disso ocupa a mente do protagonista. Com a primeira cena compreende-se a posição de Benjamin perante as adversidades - indiferença -, na cena seguinte compreende-se a pressão exercida pelo seu meio (pais e amigos destes maioritariamente) para que haja uma decisão concludente acerca do seu futuro. Todos projectam nele as mais diversas expectativas. É um ambiente claustrofóbico. A resposta do protagonista a esse ambiente é, como se pode imaginar, a inactividade. É por isso que a vida do jovem Braddock é governada pela quase completa indifierença para com os dilemas e valores ligados ao mundo que o rodeia. Prosseguir Leitura