O que eu quero ser quando sou eu
Por vezes não me conformo com a quietude que é imposta a quem assiste a um filme. Naqueles filmes que realmente nos envolvem, ao ponto da cozinha pegar fogo e nós pensarmos em ir apagá-lo “só depois desta cena”, uma parte significativa, uma parte verdadeiramente, profundamente emocional de mim, auto-conscientemente, despreza-se por não ser eu aquela personagem, naquele filme. Por não ter aquela vida, e não encontrar no horizonte das possibilidades mais plausíveis da minha existência, a presença naquela situação. E depois pensamos “Ah…isto é que é!” quero ser o Salgueiro Maia, quero ser o Vincent Vega, ter não a vida deles, mas transportar-me, em totalidade, para a situação em que tais personagens se encontram. É claro que o contrário também acontece, ele há espaço para a felicidade de sermos nós, aqui e tal como somos, com aspirações a algo de radicalmente diferente…do que somos, que não passam de pequenos lampejos de Vontade, aplanados por um certo contentamento de já termos sido heróis de nós próprios, em uma ou outra ocasião.
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É por isso que o Cinema é…o quê? Arte maior que a própria Vida, pois por vezes faz-nos desejar outra? E também regozijar-nos por termos esta? Poderíamos empreender este leit-motiv: -Cinematizar a existência?-
Eu poderia ser o Vincent Vega. E dançar assim com a Uma Thurman e tudo…
Quem queriam vocês ter sido, naqueles momentos em que pensam que querem ser aquela personagem para sempre?