
"Desenhar é o mesmo que fazer um gesto expressivo, com a vantagem da permanência"
Henry Matisse
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Continuando no tema deste mês, Estética e Filosofia da Arte, encontramos uma citação de Henry Matisse que mostra importantes relações entre a Arte e o gesto, e a imobilidade da mobilidade.
O desenho corporiza, através do movimento da mão "interior" do pintor, uma imobilidade que carrega dentro de si aquele impulso gestual, que é o movimento de trazer à luz a criação. Por isso a pintura ou o desenho (mas também a escultura, ou até a música), quando nelas transportam a pulsão inicial da criação, o dar algo ao mundo, reinventando-o, adicionado-lhe um elemento, imortalizam o gesto inicial, e mostram toda a expressividade desse movimento originário que é a doação, sincera e incontrolável, feita pelo artista. Esta é, na minha opinião, um critério para legitimar a verdadeira Arte. É, obviamente, um critério subjectivista, na medida em que depende do espectador a capacidade para se sentir o eco desse fluxo de criação semi-consciente. Depende de quem somos a possibilidade de perscutar o movimento do "desenho" na sua cristalização.
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imagem: Henry Matisse, A Dança, Museu Hermitage, S.Petersburgo.
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Pedro