12+1 Guerreiros da Paz e da Humanidade

Estranhos são os tempos em que vivemos. Estranho também é ver um filósofo árabe das idades medievais partilhar uma aventura com doze vikings. Ring a bell? Árabe, Islão, Viking, Dinamarca (Cartoons)? Bem, é isto que se passa em 13th Warrior, um filme pouco interessante mas com alguns méritos. Um desses méritos é relembrar-nos que a cultura árabe e islâmica medieval foi, nesses tempos, bem mais avançada que a cultura de certos povos viventes em cantos remotos da velha Europa, povos que hoje apelam à liberdade de expressão. Outro é mostrar-nos que a tolerância é, talvez, o mais inestimável e valioso dos bens de uma espécie (pouco) inteligente como o ser humano, espécie cindida por diferentes crenças religiosas e multifacetada, quer civilizacional quer culturalmente.
.
Seja então! Tolerância para a fé religiosa e tolerância para a liberdade de expressão. Ambas crenças, ambas racionais, ambas ainda e sempre por justificar de forma definitiva ou apodíctica (de um ponto de vista filosófico, claro).
.
Mas mais importante que isso é mesmo a lição central do filme: religião, adesões a crenças políticas e sociais, são meros acidentes em todos os indivíduos da espécie humana. Claro que estas propriedades acidentais - não essenciais - não são evitáveis e até são desejáveis do ponto de vista da multiculturalidade. Mas o que importa de facto é que somos todos, sem excepção, homens e mulheres, partilhando o essencial: necessidades, desejos, pensamentos, emoções e sentimentos. Eis as razões por que se esbatem as diferenças acidentais quando vislumbramos o horizonte de um caminho em conjunto rumo à eternidade. Demasiado lírico, dirão os mais desconfiados. Impossível, dirão os mais realistas. Uma aprendizagem, dirão aqueles que, como eu, alimentam a esperança de um mundo melhor.
.
Luís