Tema de Janeiro
Novo ano, novo mês, novo tema de "curta". O tema de Janeiro, um tema muito querido ao meu amigo e colega editor Luís Rodrigues, será o conhecimento.
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A primeira "curta" subordinada ao tema é da autoria de um dos maiores filósofos de todos os tempos, o professor de Konigsberg, Immanuel Kant:
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«Se, porém, todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que todo ele derive da experiência» (Crítica da Razão Pura, Introdução (B): Da Diferença entre Conhecimento Puro e Conhecimento Empírico).
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Esta frase é decisiva tanto no distanciamento de Kant em relação ao empirismo como em relação ao racionalismo precedente; marca, portanto, uma nova posição. O excerto distingue dois tipos de conhecimento: (a) o conhecimento a priori e (b) o conhecimento a posteriori. Como todo o conhecimento se inicia com a experiência, a questão da distinção entre estes dois tipos de conhecimento não se pode centrar na sua origem, mas antes daquilo que são derivados. Quero com isto dizer que aquilo que distingue os dois tipos de conhecimento é o meio segundo o qual a justificação ocorre. Por um lado, tem de se recorrer à experiência para tal - o caso de (b) -, por outro lado, não é necessário recorrer à experiência para esse fim - o caso de (a). Tentarei exemplificar, para se tornar mais perceptível. Imagine-se a afirmação '2 corvos mais 2 corvos resultam em 4 corvos'. A noção 'corvo' é uma noção com origem na experiência - o conhecimento de tal facto tem origem aí. No entanto, não é necessário recorrer à experiência para justificar a afirmação e perceber que ela é verdadeira; não preciso de averiguar empiricamente se, da soma de dois pares de corvos, resultam de facto quatro corvos. Logo, é um exemplo de conhecimento a priori. Agora, uma outra afirmação 'todos os políticos são corruptos'. Não é possível, se não por meio da experiência, garantir que assim é. Tenho de saber se de facto, político a político, todos eles são corruptos. Logo, é um exemplo de conhecimento a posteriori.
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Esta distinção ainda hoje é válida e o seu uso mantém-se pertinente.
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Cumprimentos!
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Diogo S.