« Home | Motivação para fazer mais e melhor... » | Curtas-metragens de filosofia » | O Génio não se aprende... » | hold on... » | Auditoria » | Divulgação: » | O Nascimento do Escolhido. » | Do Poder (da Sugestão), por Diogo Santos » | Boas Festas! » | Blade Runner, por Luís Rodrigues » 

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Curtas-metragens de filosofia (explicação)


Visto o meu colega Diogo estar com várias tarefas entre mãos, assumo a responsabilidade - e que responsabilidade! – de explicar a última curta do mês passado. Recordemos então o que Espinosa diz na Ética (Demonstrada Segundo o Método Geométrico):
.
«A substância não pode ser produzida por outra coisa; por conseguinte, será causa de si mesma, isto é, a sua essência envolve necessariamente a existência, ou por outras palavras, o existir pertence à sua natureza. Q.E.D.» (Ética, Proposição VII)
.
Antes ainda de prosseguir para a explicação , deixo duas notas:
.
.
Primeiro, Espinosa queria usar - e usou - o método de “exposição dedutiva” na sua Ética. Este método era, e ainda é, bastante usado nas exposições e provas da matemática e da geometria. A ideia é assumir um reduzido número de axiomas e/ou lemas de base e, partindo deles, deduzir lógica e validamente um conjunto de proposições verdadeiras, as respectivas demonstrações dessas proposições e os corolários a que podemos chegar no final do processo dedutivo. Este método foi considerado durante muito tempo um processo quase infalível no sentido de “demonstrar” estados de coisas no mundo, pois fundava-se na validade lógica e apoiava-se em verdades apriorísticas (extra experiência) das matemáticas. Espinosa usou este sistema precisamente para demonstrar e provar as suas teses sobre Deus e sobre a ética dos homens. A ideia era extrair um conjunto de verdades necessárias sobre a Existência (e.g., Deus existe e é o todo) de um conjunto de verdades lógicas - ou de axiomas (e.g., só pode haver uma Substância).
.
Segundo, Q.E.D abrevia a expressão do Latim Quod Erat Demonstrandum, que significa algo como “Está assim demonstrado que…” ou “Fica assim provado que…”. A expressão manteve-se dos tempos em que as obras filosóficas europeias eram integralmente escritas em Latim, independentemente da nacionalidade dos autores. A expressão foi, e ainda é, usada para finalizar um argumento válido, com premissas verdadeiras e sólidas, das quais se segue uma conclusão também verdadeira – e sólida.
.
Por fim, a explicitação, ou talvez não, do significado da Curta. Comecemos pelos princípios. Devemos o conceito de Substância a Aristóteles. Substância era para ele um dos géneros do Ser, algo do qual nada pode ser predicado (e outras coisas complicadas de explicar e perceber). Este conceito de Substância atravessou os séculos, sofrendo poucas alterações, até chegar a Espinosa (e outros antes dele) e este a identificar com Deus. Em termos simples, a substância é aquilo que está na base - ou é a base, o sustentáculo - de todas as outras coisas, físicas ou não-físicas (não confundir Substância com Matéria). Foi assim, julgo, que Espinosa entendeu e usou o conceito. Para ele, a propriedade fundamental (essencial) da Substância é a Existência. Para se perceber isto melhor, admita-se por uns instantes a hipótese contrária, i.e., que a Substância não tem a propriedade de Existir. Se assim fosse, a Substância não seria Substância, pois para o ser, i.e., para ter as propriedades da substância, não pode não existir. Retomando agora a Curta, o que se disse acima implica que “a sua essência envolve necessariamente a existência”, quer dizer, é imperativo - é necessário, em qualquer circunstância, em todos os mundos possíveis - que a Substância possua a propriedade de existir, i.e., faz parte da sua essência existir. Esta é a razão por que, na perspectiva de Espinosa, Deus é a Substância; e, conversamente, a Substância é Deus. É que, bem vistas as coisas, só Deus “cabe” no conceito de Substância - pois Ele é a Única Coisa cuja essência não podemos conceber sem a existência, quer dizer, não podemos conceber Deus como um não-existente (pois este é um conceito contraditório nos seu próprios termos). A substância (Deus) pode "ter", segundo Espinosa, infinitos Atributos: Extensão, Espírito, etc. Estes atributos podem, por sua vez, manifestar-se de infinitos Modos – e.g., um poema de Pessoa, um pôr-do-sol ou mesmo o sorriso de uma criança.
.
Luís Rodrigues

E-mail this post



Remenber me (?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...

|

Filmes

13th Floor

2001 Space Odissey

Apocalipse Now

Avalon

Batman

Before Sunrise

Blade Runner (1ª - Pedro)

Blade Runner (2ª - Luís)

Blade Runner (3ª - Diogo)

Charlie & Choco Factory

Contact

Crash

David Gale (1ª - Luís)

David Gale (2ª - Diogo)

David Gale (3ª - Luís)

Der Untergang (A Queda)

Donnie Darko (1ªLuís)

Donnie Darko (2ªLuís)

Donnie Darko (3ªPedro)

Donnie Darko (4º Diogo)

Equilibrium

Fight Club

Final Fantasy

Goodbye Lenin

Harry Potter

Impostor

Ladrões de Bicicletas

Laranja Mecânica

Last Days

Memento

Metrópolis

Munich

One Flew Over The Cuckoo's Nest

Othello

Pulp Fiction

Rashomon

Star Wars (Diogo)

Star Wars (Luís)

The Assassination of Richard Nixon

The Bad Sleep Well

The Corpse Bride

The Final Cut

The Graduate

The Island

Throne of Blood

The Matrix (Luís)

The Matrix (Diogo)

Van Helsing

V For Vendetta!

Zorro

Entrevistas

 

Desidério Murcho (PDF)