Do Poder (da Sugestão), por Diogo Santos
Por norma, em cinema, quando se quer relatar um acontecimento descreve-se presencialmente esse evento, recorrendo à imagem. Por exemplo, num filme épico normalmente são relatadas presencialmente cenas de batalha: vêem-se dois lados em choque um com o outro, cabeças decepadas, braços e pernas pelo ar e, por vezes, violência gratuita. É raro assistir a um filme no qual um evento de importância para o enredo não seja descrito sob a forma presencial. Throne of Blood revela-nos essa técnica rara em cinema: um importante acontecimento para o desenvolvimento do enredo não é descrito, no sentido em que não se mostram imagens acerca da sua ocorrência; é apenas relatado na terceira pessoa o seu resultado e o seu progresso. A técnica usada tem especialmente duas virtudes: (a) é económica, não mostra (sob a forma de imagem) nada, para além do estritamente necessário, i.e. não recorre ao acessório e, mais interessante, (b) há um poder sugestivo que envolve o uso da técnica, deixa as imagens ou a imaginação do acontecimento para a audiência, supostamente envolvendo-a, dessa forma, mais directamente no filme.
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