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sexta-feira, dezembro 23, 2005

O Nascimento do Escolhido.

Comemora-se por estes dias e um pouco por todo o planeta o nascimento de um homem que, quer se queira quer não, quer se goste ou não, mudou a radicalmente a História. Prefiro pensar que Jesus de Nazaré foi fundamentalmente um homem e um filósofo, alguém que conseguiu propor e impor - por via da sua mensagem de abnegação e sacrifício, espalhada pelos seus discípulos - uma nova postura ética. Talvez resida precisamente aí o Seu carácter divino, bem como o da sua obra. Deixo, contudo, o assunto para posterior reflexão. Parece-me ser agora tempo de reviver aqueles momentos tão próprios do espírito de Natal, um Espírito hoje-em-dia tão religioso e cristão quanto pagão e laico. Talvez seja sensato recordarmos e alimentarmos ainda e sempre a essência desse espírito que se constituiu nas ideias de Paz, Amor, Partilha, etc., independentemente das outras ideias que professamos ou da religião que abraçamos. Mais do que uma obrigação, agir em conformidade com esse espírito é uma escolha pessoal. Mas, mais até do que isso, parece-me ser um dever incontornável.
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Mas que tem isto a ver com cinema? Bem, tem o seguinte. Há, a meu ver, pelo menos três excelentes filmes que têm como tema central Jesus de Nazaré, sua vida e seu legado. Os filmes são:
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Primeiro, The Last Temptation of Christ, de Martin Scorsese, 1988, no qual é feita uma tentativa de compreender o homem (e eventuais tentações da carne) subjacente à figura do Filho de Deus.
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Segundo, The Passion of Christ, de Mel Gibson, 2004, no qual se apresenta Jesus o Mártir, Cordeiro de Deus.
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Terceiro, The Gospel of John, de Philip Saville, 2003, no qual se apresenta o Evangelho de João e, consequentemente, um Jesus fiel a Deus e argumentativo em Seu nome - talvez mesmo um Jesus de Nazaré mais filósofo do que mártir.
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É difícil decidir entre os três filmes. Nenhum deles consegue ser por si suficiente para apresentar (quanto mais explicar) Jesus. Todos têm méritos, e todos têm defeitos. Eis por que aconselho verem-nos a todos nesta quadra, isto caso ainda não o tenham feito. Caso só possam ver um agora, aconselho The Gospel of John, o meu preferido. Tem menos sangue e é mais explicativo segundo a visão tradicional, que deriva, aliás, em grande medida, da perspectiva de João.
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Bom Natal!
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Luís Rodrigues

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