Questiono-me seriamente acerca da utilidade da Filosofia. Penso que, se porventura já estabeleci para mim mesmo uma resposta, ela não está ainda em condições de ser expressa. Muito daquilo que achamos verdadeiro, assumindo com essa crença uma posição, não é mais do que uma espécie de auto-convencimento de uma mentira para que possamos justificar algo sobre nós próprios. Por exemplo, convencermo-nos da utilidade de um longo debate filosófico sobre a natureza do conhecimento, ou sobre a existência de Deus e as suas propriedades. Normalmente, justificamos o tempo e o latim gasto nestas diatribes com uma asserção do tipo ético-moral: “Ah, mas ao discutirmos estamos a conhecer-nos melhor…”, “Ao debater estamos a caminhar juntos em relação à verdade…e isso só pode ser positivo.”
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