Ontem a Sic Radical reiniciou a transmissão de
Espaço 1999, uma série de Sci fi da minha juventude. Ainda me lembro quando a série estreou há muitos anos no Canal 1 (o único da altura e, salvo erro, ainda a preto-e-branco). Vivia então eu a minha adolescência e sonhava num futuro pleno de inovação e maravilhosos feitos do Homem – do tipo de estabelecer uma base lunar (Alfa, na série) e outras fantásticas realizações tecnológicas e/ou sociais. Desde então muita coisa mudou neste planeta à beira da galáxia plantado; mas, que se saiba, ainda não temos uma base lunar ou pistolas laser para atordoar os inimigos. Temos contudo, em contrapartida, o Space-shuttle (os Águias), telemóveis 3G (os comunicadores de cinto) e outras maravilhas tecnológicas. Temos, sobretudo, cada vez mais a noção de um mundo globalizado, no qual, mais ou menos, melhor ou pior, e independentemente das motivações, muitas pessoas se empenham no sentido de conseguir objectivos comuns da humanidade: alcançar o espaço, melhorar as condições básicas de vida no planeta etc. Claro que, como quase sempre na história do Homem, cada avanço, cada pequeno objectivo que se alcança, cada progresso, é por norma acompanhado de falhanços, retrocessos, passos atrás, etc. Mas isto não nos deve demover.
Espaço 1999 é uma ficção sobre um grupo de humanos à deriva no espaço (viajando na própria lua terrestre). Estes humanos tentam resolver problemas que lhes vão surgindo ao longo da sua viagem. Vão sofrendo, aprendendo, e, mais importante (para eles), tentam diariamente regressar a um planeta que foram forçados a abandonar e ao qual – por o darem como garantido – não conferiam talvez o seu devido valor. O conto é milenar, tem “barbas”. Vemo-lo, por exemplo, na
Odisseia (odisseus = Ulisses), de Homero e em muitas outras obras da antiguidade que falam de viagens rumo ao desconhecido e correspondentes descobertas. Todas elas retratam a luta e o sofrimento dos homens na sua viagem (pelo espaço, diga-se, viajando neste belo planeta) rumo à invenção e à maturidade – uma jornada só possível quando somos curiosos e nos espantamos com as maravilhas que nos rodeiam ou de que somos capazes.
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O futuro pode muito bem “vir lá atrás” quando revemos Espaço 1999, mas as ideias, a determinação e a coragem de que fala são intemporais, viajando sempre muito adiante de cada homem e das suas respectivas realizações. Vale a pena prosseguir o ideal? Sim, parece-me meritório e necessário, algo que dá sentido às nossas vidas.
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Boas alunagens
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Luís