Curta
«Eles [os animais não-humanos] só vivem no presente. (...) O animal (...) só é determinado pela impressão do momento» (A. Schopenhauer, O mundo como Vontade e Representação).
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Ainda que a curta não seja directamente acerca de "Ética Animal", a sua interpretação, creio, tem efeitos indirectos para essa problemática. Diz-nos o filósofo que os animais vivem no instante, não são capazes de pensar além do imediato. Tal implica que a acção animal não vá também ela além do imediato. Quero com isto dizer que os animais não-humanos não podem ter intenções éticas, uma vez que isso pressuporia a capacidade de projectar as suas acções para um fim, portanto, para algo além do imediato. O que não quer dizer que a acção animal não tenha motivos para ocorrer. Por exemplo, os cães urinam normalmente no sítio onde outros cães haviam antes urinado. Tal sucede por motivos de marcação de território ou, por motivo último, devido ao instinto que possuem; no entanto, não há qualquer finalidade inerente a esse acto e, como tal, não é passível de análise ética, e isso não se deve a nenhuma peculiaridade do acto em causa, mas a certas propriedades [ou à ausência delas] presentes no autor da acção, o cão. Ora, se o animal não tem tal capacidade, as suas acções não podem ser classificadas de uma perspectiva ética, uma vez que o animal não-humano não é passível de ser agente responsável. Daí aquilo que um animal não-humano faz não lhe poder ser imputado. Por outras palavras, não pode ser sujeito ético.
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Cumprimentos!
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Diogo S.