Curtas-metragens de Filosofia
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«Mas o texto aí está e o autor empírico tem de ficar em silêncio» (Umberto Eco, Os Limites da Interpretação).
De que silêncio fala Eco? Fala do silêncio do autor, enquanto entidade física, tal como o excerto diz claramente, mas o silêncio é referente a quê? Referente à interpretação da obra. O autor, enquanto instância exterior à obra, é excluído do processo interpretativo. 'Em que medida e por que razão?', pergunta o leitor. A razão é por que nada tem a acrescentar à interpretação. Há dois pontos essenciais na interpretação, aquele que interpreta e aquilo que é interpretado (a obra), o autor não é nenhum deles. É também essa a medida em que a exclusão ocorre. O autor é desinteressante para a interpretação, aquilo que se interpreta está contido na obra e não no autor. Goethe diz algo também semelhante, pela mesma razão, estou em crer: «tudo está lá, e eu não sou nada». É a isso que o autor corresponde no processo interpretativo, a nada. O papel do autor cessa na criação da obra, não encarna nenhum outro papel..
Cumps!
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Diogo Santos