Escolhemos uma
curta ainda referente ao tema -
Estética - do mês que passou. Fizemo-lo devido ao facto de haver somente duas
curtas acerca desse tema. Tal deveu-se, como os visitantes devem ter notado, às dificuldades recentes do projecto e à falta de tempo crónica dos seus editores. Como tal, substituir-se-á esta
curta dentro de alguns dias por outra já referente ao novo tema de Março, ainda por determinar.
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«
Mas o texto aí está e o autor empírico tem de ficar em silêncio» (
Umberto Eco, Os Limites da Interpretação).

De
que silêncio fala
Eco? Fala do
silêncio do autor, enquanto entidade física, tal como o excerto diz claramente, mas
o silêncio é referente a quê? Referente à interpretação da obra. O autor, enquanto instância exterior à obra, é excluído do processo interpretativo. 'Em que medida e por que razão?', pergunta o leitor. A razão é por que nada tem a acrescentar à interpretação. Há dois pontos essenciais na interpretação, aquele que interpreta e aquilo que é interpretado (a obra), o autor não é nenhum deles. É também essa a medida em que a exclusão ocorre. O autor é desinteressante para a interpretação, aquilo que se interpreta está contido na obra e não no autor
. Goethe diz algo também semelhante, pela mesma razão, estou em crer:
«tudo está lá, e eu não sou nada». É a isso que o autor corresponde no processo interpretativo, a
nada. O papel do autor cessa na criação da obra, não encarna nenhum outro papel.
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Cumps!
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Diogo Santos