Curta-Metragem de Filosofia
Continua-se o tópico da Filosofia da Ciência nas "curtas" do corrente mês usando para tal esta passagem bastante curiosa do filósofo da ciência Imre Lakatos. Pode-se dizer com alguma segurança que, neste excerto, Lakatos dá, como costuma dizer-se, uma no cravo e outra na ferradura. Quem está mais ou menos inteirado com as disputas que ocorreram no século XX (e ainda ocorrem no XXI? Ver aqui um episódio conhecido em Portugal) entre adeptos incondicionais das ciências – ditas – exactas, e.g, Física, Biologia, etc., e as ciências – ditas – não-exactas (sociais), e.g., Antropologia, Sociologia, etc, sabe que ambos os lados reclamam a posse da Verdade. Enquanto os defensores da primeiras têm, segundo os defensores das segundas, tendência para sobrevalorizar a Verdade como uma propriedade daquilo que se diz sobre os factos, principalmente os chamados Factos Científicos, os defensores das segundas têm a tendência, segundo os defensores das primeiras, para desvalorizar essa Verdade científica, afirmando que ela é sempre algo resultante de um contexto social ou antropológico. Lakatos, embora pendendo claramente para o lado da Ciência, “goza o prato” que estes radicais de ambas as facções nos oferecem de borla, tantas vezes sem qualquer compreensão ou consciência do ridículo e das contradições a que se submetem. Por ser um assunto polémico, mais não digo – deixando a cada qual a tarefa de se informar e de formar uma opinião sustentada e razoável.
Luís