Curta-Metragem de Filosofia
O tema do espaço Curta-Metragem do mês de Abril é Ciência. A primeira curta do mês é da autoria de Thomas Kuhn, um dos grandes especialistas contemporâneos em Filosofia da Ciência.
«Para ser aceite como paradigma, uma teoria deve parecer melhor do que as suas concorrentes, mas não precisa (e de facto isso nunca sucede) de explicar todos os factos com os quais possa ser confrontada» KUHN, T., A Estrutura das Revoluções Científicas.
A primeira coisa a explicar é o sentido da utilização do termo 'paradigma'. Kuhn utiliza-o com diversos sentidos ao longo da obra, e convém perceber exactamente o que está em causa quando uma teoria é aceite como paradigma. Vou tentar explicá-lo muito simplificadamente. No contexto da curta, o autor pretende referir uma teoria científica que é aceite pela comunidade científica como sendo verdadeira (ou, melhor dizendo, como sendo a que melhor explica um dado conjunto de factos) acerca de um determinado campo científico. É por essa teoria permitir uma melhor explicação acerca do mundo que é aceite como paradigma. Mas a "escolha" de uma teoria como paradigma não decorre propriamente da explicação quantitativa que possa fornecer acerca do mundo, mas antes decorre da explicação qualitativa que fornece acerca do mesmo. Como tal, nem sequer é necessário, mesmo que tal fosse possível, uma explicação acerca de todos os factos para que uma dada teoria científica seja preferida pela comunidade em detrimento de teorias concorrentes. Essa preferência deriva de critérios qualitativos, nomeadamente o aspecto económico de uma teoria, a capacidade de previsão dos mais diversos fenómenos, por aí fora. Para uma teoria "parecer melhor" tem de estar em vantagem nesses termos e não, propriamente, na quantidade de explicação que fornece, ainda que isso possa ser tomado em conta igualmente.
Cumprimentos.