Lembrança Céptica, por Diogo Santos
Memento é um filme excepcional, mas violento. Não porque haja nele cenas de violência gratuita - não as há -, mas porque abala convicções profundas, comuns a todos, essenciais à sobrevivência até. Fascina pela sua radicalidade, agride pela inconveniência das aporias suscitadas, entristece por nada solucionar. O filme não oferece respostas, apenas acumula problemas, quebra-cabeças, puzzles. O próprio facto da narrativa ser anacrónica intensifica a sensação de que o espectador, como que acompanhando o percurso do personagem principal, perdeu-se nos meandros das questões. Apenas para acordar, no fim, do sono labiríntico e compreender que o percurso do personagem não é diverso do seu. As dúvidas são as mesmas e, apesar de não haver mais imagem ou som no ecrã, elas permanecem pertinentes. Continue a ler este artigo...