« Home | Dificuldades técnicas imprevistas » | Entrevistas... » | Sobre nós, editores do Cinefilosofia » | Donnie Darko (1ª parte), por Luís Rodrigues » | Divulgação: Matrix, por David Chalmers » | Agradecimento » | O Corpo em Greenaway, por Isabel Martinho Reis » | Incentivo à colaboração! » | Lugares de Música e Moralidade, por Pedro Sargento » | Um Adeus Relativista, por Diogo Santos » 

segunda-feira, setembro 26, 2005

Entrevista a Desidério Murcho, filósofo português


Apresentação

A ideia de que não há filósofos e cientistas portugueses de excelente categoria é falsa. O nosso país tem de facto pessoas competentes que contribuem decisivamente para o desenvolvimento da ciência e da filosofia. É o caso de Desidério Murcho, filósofo português que desenvolve o seu trabalho por terras de Sua Majestade. Desidério nasceu em 1965. É licenciado e mestre em Filosofia pela Universidade de Lisboa e membro fundador do Centro para o Ensino da Filosofia da Sociedade Portuguesa de Filosofia. Dirige a colecção Filosofia Aberta, na Gradiva, e traduziu vários livros de filosofia. Organizou com João Branquinho (outro filósofo português de renome) a Enciclopédia de Termos Lógico-Filosóficos (Gradiva, 2001, Martins Fontes, no prelo), é co-autor de A Arte de Pensar (10.º e 11.° anos) (Didáctica Editora, 2003 e 2004) e autor de Essencialismo Naturalizado (Angelus Novus, 2002), A Natureza da Filosofia e o seu Ensino (Plátano, 2002), O Lugar da Lógica na Filosofia (Plátano, 2003) e Pensar Outra Vez: Filosofia, Valor e Verdade (Quasi, no prelo). É director executivo da revista Disputatio. É colunista do suplemento "Mil Folhas" do jornal Público. É formador de professores de filosofia do ensino secundário e prepara o seu doutoramento em Filosofia no King's College London, onde é bolseiro da FCT e tutor em Lógica Filosófica, Ética e Filosofia da Religião. Além disso é director da Crítica, Revista (online) de Filosofia e Ensino.
------------------------------------------------------------------------------------------------
Entrevista (ler na íntegra)

Cinefilosofia: Desidério, pensa que é possível encontrar boa filosofia em filmes? Se sim, dê-nos por favor alguns exemplos da sua preferência.

Desidério Murcho: Penso que não há boa filosofia no cinema; mas há por vezes ideias ou problemas filosóficos que estão de algum modo presentes no cinema. Por isso, o cinema pode ser usado como uma forma de apresentar a filosofia ao grande público, assim como nas escolas secundárias. No estrangeiro há vários livros que usam o cinema para apresentar a filosofia ao grande público, um pouco como o Cinefilosofia está agora a tentar fazer em Portugal, numa iniciativa ímpar. Recentemente, duas cenas de dois filmes foram para mim iluminantes. A primeira é do filme Matrix, e exploro-a num capítulo do meu livro Pensar Outra Vez: o traidor quer voltar para o mundo de fantasia da Matrix, mas pede a agente Smith para não se lembrar de nada. Ele quer ficar sem saber que vive num mundo de ilusão. A importância filosófica desta ideia é explorada no meu livro. Outra cena acontece no excelente Castaway, com Tom Hanks, e dá-nos um insight extraordinário sobre o papel desempenhado pela fé no desenvolvimento humano. O debate entre o que incorrectamente (mas não sei dizê-lo correctamente) se pode chamar em português "evidencialismo" e o não evidencialismo torna-se mais claro quando se compreende o que a personagem de Tom Hanks declara, depois de passar por uma situação de total desespero: a aleatoriedade do mundo trouxe-lhe uma vela que lhe permitiu fugir da ilha. O evidencialismo é uma posição fechada à aleatoriedade do mundo, e estar atento a ela pode representar a diferença entre a sobrevivência ou a morte. A fé, e a crença numa providência, pode ser uma forma cultural de responder a esta necessidade de estar atento às aleatoriedades do mundo.

Cinefilosofia: Sabemos que é defensor da clareza de exposição e da solidez na argumentação. Pensa que é possível conjugar estas exigências da ciência e da filosofia com a liberdade artística?

Desidério Murcho: Claro que sim. O que se passa é que, precisamente porque Portugal não é um produtor forte nem de artes nem de ciências, a visão popular que se tem de ambas é caricatural. A ideia caricatural é esta: a ciência consiste em fazer cálculos automáticos, destituídos de criatividade; a arte consiste na completa aleatoriedade, não exigindo qualquer preparação e domínio técnico. Isto é um disparate. Qualquer pintor ou músico sério sabe que são necessários anos de trabalho técnico para se alcançar bons resultados; e qualquer cientista sabe que sem criatividade e imaginação não conseguirá ser inovador. O problema é confundir-se o fazer ciência com a mera compreensão e repetição do conhecimento empacotado que se transmite à paulada nas universidades portuguesas, e que foi originalmente produzido no estrangeiro. A separação radical entre artes, ciências e filosofia é artificiosa e resulta de desconhecimento.
------------------------------------------------------------------------------------------------

E-mail this post



Remenber me (?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...

|

Filmes

13th Floor

2001 Space Odissey

Apocalipse Now

Avalon

Batman

Before Sunrise

Blade Runner (1ª - Pedro)

Blade Runner (2ª - Luís)

Blade Runner (3ª - Diogo)

Charlie & Choco Factory

Contact

Crash

David Gale (1ª - Luís)

David Gale (2ª - Diogo)

David Gale (3ª - Luís)

Der Untergang (A Queda)

Donnie Darko (1ªLuís)

Donnie Darko (2ªLuís)

Donnie Darko (3ªPedro)

Donnie Darko (4º Diogo)

Equilibrium

Fight Club

Final Fantasy

Goodbye Lenin

Harry Potter

Impostor

Ladrões de Bicicletas

Laranja Mecânica

Last Days

Memento

Metrópolis

Munich

One Flew Over The Cuckoo's Nest

Othello

Pulp Fiction

Rashomon

Star Wars (Diogo)

Star Wars (Luís)

The Assassination of Richard Nixon

The Bad Sleep Well

The Corpse Bride

The Final Cut

The Graduate

The Island

Throne of Blood

The Matrix (Luís)

The Matrix (Diogo)

Van Helsing

V For Vendetta!

Zorro

Entrevistas

 

Desidério Murcho (PDF)